Eleições Modernas: Por que os EUA não adotam urnas eletrônicas como o Brasil?

Salve! As eleições para presidente dos EUA, como de costume, roubaram a cena na mídia, sendo destaque pelo mundo nas últimas semanas. Como o resto do mundo, nós brasileiros temos acompanhado o processo. Enquanto no Brasil, o resultado de uma votação é conhecido em algumas horas, nos EUA, o vencedor só é oficialmente conhecido pós 30 dias. Então talvez você pensou: Os EUA estão anos luz à nossa frente no quesito tecnologia, então por que ainda não adotaram urnas eletrônicas? Vem comigo que eu te explico:

Eleições são o pilar de qualquer democracia, e a forma como os votos são coletados e contados pode afetar a transparência e a confiança pública. No Brasil, o sistema eletrônico de votação é amplamente utilizado, oferecendo rapidez e segurança nos resultados. Surpreendentemente, os EUA ainda dependem predominantemente de métodos de votação manual e cédulas de papel. Os motivos por trás dessa diferença, apresento abaixo:

  1. Federalismo e Autonomia dos Estados
    Nos EUA, cada estado tem autonomia para organizar e conduzir suas eleições, o que resulta em um sistema diverso. Diferentemente do Brasil, onde o sistema eletrônico é unificado e centralizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nos EUA não há um órgão federal único que coordene as eleições estaduais, o que impede uma padronização;
  2. Desconfiança e Debate sobre Segurança
    Nos EUA, a segurança cibernética das urnas eletrônicas é uma preocupação constante. A desconfiança do público aumentou após alegações de interferências externas em eleições passadas, gerando uma preferência por métodos que permitam auditoria manual. No Brasil, o sistema foi projetado com várias camadas de segurança, incluindo auditorias públicas, mas o modelo americano carece de confiança unificada nesse tipo de tecnologia.
  3. Falta de Padrões Nacionais de Segurança
    A ausência de uma padronização nacional dificulta a implementação de urnas eletrônicas nos EUA. Como cada estado decide seu sistema, as diferenças de investimento e capacidade técnica para garantir segurança variam amplamente. No Brasil, o uso de urnas eletrônicas obedece a um padrão nacional que aumenta a confiabilidade e eficiência do processo eleitoral.
  4. Preferência por Verificação Física
    A possibilidade de auditoria física é valorizada nos EUA, onde a cultura de cédulas de papel permite recontagens e disputas legais. Em um sistema eleitoral altamente polarizado, como o americano, a verificação física dos votos é vista como uma salvaguarda essencial para a democracia, enquanto o Brasil adota urnas eletrônicas sem cédulas físicas, confiando na integridade do sistema eletrônico.
  5. Influência Política e Cultural
    A resistência à tecnologia nas eleições americanas também está ligada a fatores culturais e políticos. Muitos eleitores preferem métodos tradicionais e resistem a mudanças no processo eleitoral, enquanto o Brasil adotou urnas eletrônicas nos anos 1990 com pouca resistência, visando eficiência e modernidade no processo eleitoral.

Comparação com Outras Potências Mundiais

Assim como os EUA, outros países desenvolvidos ainda utilizam métodos manuais de votação. A Alemanha, por exemplo, decidiu abolir o voto eletrônico devido a preocupações com a segurança e transparência do processo. Em contraste, a Índia e a Estônia adotaram urnas eletrônicas, mas implementaram sistemas diferentes para equilibrar transparência e tecnologia. Isso mostra que cada país desenvolve seu próprio modelo, baseado em suas necessidades e tradições políticas.

O contraste entre o Brasil e os EUA no uso de tecnologia nas eleições é um exemplo intrigante de como avanços tecnológicos nem sempre determinam as escolhas políticas e culturais de um país. Enquanto o Brasil optou por um sistema eletrônico para aumentar a eficiência e reduzir fraudes, os EUA ainda se apoiam em métodos tradicionais, refletindo questões de confiança e descentralização. Essa diferença ressalta como o contexto local, a confiança pública e as tradições moldam as escolhas tecnológicas nas eleições, sendo a tecnologia apenas uma parte do processo democrático.

Sobre Rodnei Moreira 20 Artigos
Um observador nato, com espírito de eterno aprendiz. Um leitor meio nerd que não dispensa um bom chopp e nem uma boa roda de samba. Eu teria um desgosto profundo se faltasse o Flamengo no mundo.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*