Amantes de leitura, sejam todos bem vindos mais uma vez! Você que adora cheiro de livro novinho ou é mais adepto dos e-readers, com certeza já conhece o prêmio Jabuti. A Camara Brasileira do Livro (CBL) criou este evento em 1958, com o intuito de premiar não apenas os escritores, mas todos que trabalham na produção de uma obra. Autores renomados e/ou independentes inscrevem seus trabalhos em busca da glória eterna, proporcionada pela estatueta de um dos mais concorridos prêmios da nossa cultura.
O prêmio Jabuti é dividido em algumas categorias… neste artigo, vamos focar na categoria “Ilustração” A CBL divulgou os 10 semifinalistas, e entre os classificados estava presente a ilustração do designer Vicente Pessoa, feita com a ajuda do Mindjourney, uma IA que transformar texto em imagem. Eu disse que a ilustração estava presente porque depois do anúncio dos semifinalistas, a obra foi desclassificada por ter sido feita com a ajuda da Inteligência Artificial. A Justificativa da CBL em nota oficial:
“A Câmara Brasileira do Livro (CBL), organizadora do Prêmio Jabuti, informa que a obra Frankenstein, editada pelo Clube de Literatura Clássica, que utilizou ferramentas de inteligência artificial (IA), foi revista e desclassificada… as regras da premiação estabelecem que casos não previstos no regulamento sejam deliberados pela curadoria, e a avaliação de obras que utilizam IA em sua produção não estava contemplada nessas regras.”
Por ser amante de ilustrações, eu poderia fazer defesa do designer, principalmente no contexto literário as quais se aplicam, mas, antes disso, sou defensor da Tecnologia e de todo benefício que ela pode causar, em todas as esferas da sociedade. Ora, na campanha de lançamento, a Editora certificou-se de dar atenção aos detalhes necessários, incluindo então a informação da Inteligência Artificial nos créditos. Sendo assim, a CBL não deveria ter desclassificado a obra nas fases iniciais? Porque esperar a obra se tornar semifinalista para tomar esta decisão? Um dos jurados do prêmio justificou a decisão:
“Não conheço o nome de ferramentas de Inteligência Artificial e nem quero conhecer. A organização do prêmio também não conhecia a ferramenta (Mindjourney) assim como outro jurado. Se eu soubesse que tinha Inteligência Artificial na obra, a veria e julgaria com outros olhos.”
Automaticamente nós, que trabalhamos com tecnologia, começamos a lembrar de muitos outros casos semelhantes, onde a resistência ao novo causou problemas a inocentes, que utilizaram a tecnologia para alavancar suas posições. Até o advento da internet teve rejeição, mas, como bem disse o velho lobo Zagallo: Vocês vão ter que me engolir! É justamente isso que vai acontecer com a Inteligência Artificial, e, como podemos perceber, nem tudo está perdido. A nota da CBL termina com esta admoestação:
“A utilização de ferramentas de inteligência artificial tem sido objeto de discussão em todo o mundo, em razão dos princípios de defesa dos direitos autorais. Considerando a nova realidade de avanços dessas novas tecnologias, a organização do prêmio esclarece que a utilização dessas novas ferramentas será objeto de discussão para as próximas edições da premiação.”
Enfim, os finalistas do Jabuti 2023 serão conhecidos no dia 21/11/2023, e a entrega das estatuetas aos vencedores acontecerá no Theatro Municipal de São Paulo, dia 05/12/2023. E você? já aceitou que a Inteligência Artificial está presente no seu cotidiano ou ainda está receoso(a)? Abra alas, deixa ela passar, já que se você não abrir, ela vai passar de qualquer maneira, mais cedo ou mais tarde…
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