APRENDENDO A APRENDER – 2

apresentação do post 2 sobre aprender a aprender

Formando blocos e melhorando a performance da memória

Salve comunidade! Continuando então… agora vocês já sabem que nada acontece sem a neuroplasticidade, vamos seguir encontrando maneiras práticas de fazer este “gigante” permanecer acordado! bora lá!

Ao longo deste conjunto de artigos, cada vez mais nos afastaremos do módulo teórico e processual e nos aproximaremos do módulo prático e lúdico. Por favor, observe a imagem ao lado… concorda que este ciclo está muito mais próximo da realidade de uma criança do que da nossa? Pois é… este é o espírito que esta leitura tentará resgatar dentro de você. Para tanto, vamos passar um pouquinho sobre a história da pedagogia infantil, brevemente…

Entre tantas definições, a aprendizagem criativa consiste na ideia principal de que o aluno é o único protagonista no processo de aprendizagem. Pensamentos de Montessori, Paulo Freire e de Jean Piaget inspiraram o professor Seymour Papert na construção e popularização desta ideia. Nos dias atuais, dentro do MIT (Massachusetts Institute of Technology) existe um departamento específico, o LLK (LifeLong Kindergarten) “jardim de infância vitalício” responsável pelos projetos desta área em todo o mundo, sob responsabilidade do professor Mitchel Resnick. Esta abordagem busca desenvolver conexões pessoais, observando o aprendizado como produto de um processo exploratório, capaz de despertar o interesse individual dos alunos, tendo o professor atuando apenas como uma espécie de gerente de projetos, que direciona individualmente cada aluno no seu caminho de estímulos criativos, percebidos em sala de aula.

A aprendizagem criativa também é definida por quatro pilares (conhecidos como 4Ps) semelhante o que acontece com o ITSM (pessoas, processos, produtos e parceiros) e o marketing com (produto, preço, praça e promoção). Vamos ver mais detalhadamente como estes 4Ps se dividem nesta abordagem:

  • Projetos: aprender sobre uma metodologia de projetos permite que a pessoa mobilize diferentes áreas de conhecimento e interesses, exercitando habilidades que já possuem e desenvolvendo novas técnicas;
  • Paixão: ter espaço para trabalhar com seus próprios interesses incentiva as pessoas a dedicarem mais tempo a seus projetos, aprimorando-os cada vez mais e, durante esse processo, descobrindo novas paixões. Está muito ligado à individualidade de cada ser;
  • Pares: a ideia de trabalhar em pares pode ser exercida de formas muito variadas, desde a construção em conjunto de fato até trocas específicas de opiniões e experiências durante o processo e até mesmo compartilhando seu trabalho e recebendo feedbacks, o que pode resultar em mais aprendizado pelo trabalho colaborativo e em um projeto mais interessante do que o inicialmente imaginado;
  • Pensar brincando: acontece quando o ambiente de construção é envolvente, permitindo a exploração e também que os alunos errem e aprendam por meio das descobertas, tornando o processo ainda mais divertido;

Aprender de forma definitiva está diretamente ligado à formação de blocos de aprendizagem, resultado dos seus esforços em conjunto sobre pensamento focado x pensamento difuso (que falamos no capítulo anterior). A figura ao lado representa o nosso primeiro contato com o desconhecido. Temos ciência do que é, mas é necessário colocar cada peça na sua posição, passo-a-passo, para que possamos entender o todo. Estes pequenos blocos de informação, criados de forma individual, são sinapses dentro do pensamento de modo focado, que usamos principalmente em tempo de concentração e compreensão de algo novo. Espalhar as peças de um quebra-cabeças é mandatório para se ter a compreensão do todo.

Quando conseguimos conectar algumas peças, mesmo que separadas do todo, pequenos ciclos de sinapses são criados (ainda usando a força do motor do pensamento focado) e utilizamos estes blocos para resolver problemas de forma rápida, coisas do cotidiano, já que agora elas são alternativas conhecidas, que provavelmente já foram usadas por nós e compreendidas como: “faça isso aqui toda vez que precisar, porque já vimos que deu certo” Para se ter uma compreensão melhor dessa transição, vamos usar o exemplo de quando você pede um UBER para ir a um local que você conhece.

Você pede o UBER e seu motorista chega. Nem todos tem a “gentileza” de perguntar se é para seguir o caminho do GPS ou se você prefere seguir por uma rota alternativa, então a grande maioria deles acaba seguindo o GPS, que traçou a rota de acordo com as configurações escolhidas pelo motorista (trajeto mais rápido “distância” e/ou trajeto mais veloz “tempo”). O motorista certamente não conhece todas as opções que você conhece para chegar até o destino, mas quando ele te dá esta opção, você é obrigado a fazer o papel do GPS, enquanto ele segue as suas instruções. O seu caminho certamente será melhor, e talvez ele aprenda mais uma opção de chegar a este destino quando, numa nova oportunidade, tiver que fazer uma viagem semelhante. Usar o GPS é seguir instruções (pensamento focado). Já ensinar o motorista um caminho alternativo que está na sua cabeça é fruto do pensamento difuso. Tenho uma lembrança, voltando da SIURB, junto com o Allan, estávamos na rodovia Anchieta, e para sair do trânsito naquele horário de pico, ele fez um desvio por locais totalmente desconhecidos por mim, mas que nos trouxeram até Santo André. Ele só pôde criar esta rota porque certamente conhecia o local, a vizinhança e todo o entorno, talvez por já ter passado por lá muitas vezes. Compreender o trajeto ao ponto de traçar rotas alternativas é sinal de que você não só entendeu, mas que é capaz de explicar porque está fazendo isso (pensamento difuso).

Trânsito é algo que irrita a grande maioria das pessoas. Seguramente, o Allan sentiu isso naquela região algum dia, então ele pensou em seguir por um novo caminho, uma alternativa, nada mais do que criar uma nova tentativa de chegar ao destino com menos stress. A compreensão completa do todo só acontece quando há “relaxamento” da mente, que proporciona olhar para o cenário como um todo, e no nosso exemplo, é o principal gatilho para criação de uma nova rota. Observe a imagem acima. Todos os blocos de pensamento foram organizados e colocados cada um no seu lugar, agora (diferente da primeira imagem deste bloco) todo mundo consegue entender, com bastante clareza, do que se trata.

A ilusão de competência (memorização sem entendimento) acontece quando a nossa mente nos engana. Nós montamos parte do todo e achamos que aquilo é suficiente para a compreensão completa, ou passar num exame de certificação, ou ainda, seguindo o nosso exemplo, tentar uma rota alternativa quando estamos num trânsito infernal, mas sem conhecer o entorno, o bairro… Aí acabamos nos perdendo e nos distanciando do nosso destino. Não deixe a sua mente te iludir, se você ainda não compreende o todo a ponto de conseguir criar diferentes rotas, você ainda não pode marcar sua prova. É por causa disso que tem muita gente que se acha o camisa 10, mas que não sabe dominar uma bola ou explicar a regra do impedimento para quem quer que seja.

Geralmente, sabemos o que temos que fazer para manter a nossa memória ativa, exercitando o cérebro com jogos tipo um quebra-cabeças e/ou joguinhos da memória, revistinhas de palavras cruzadas e um Candy Crush no celular. Andar sempre com um livro e manter-se atualizado sobre um assunto do nosso interesse também pode fortalecer as conexões neurais e melhorar a capacidade de memória… Além de comer bem, dormir tempo suficiente e praticar exercícios físicos com alguma regularidade. Isso é básico, e já não conseguimos ser 100% eficientes nestes quesitos. Melhorar a memória requer muito esforço. A seguir, vamos explorar esses esforços que nos auxiliam a passar nas provas/exames de certificação.

Confiança! É tudo o que a gente precisa para para acertar. Quanto maior a quantidade de acertos, mais próximo a gente fica do objetivo. Vamos pegar como exemplo a prova do ITIL. São 40 perguntas e você precisa acertar 26 para obter o certificado. Muitos miram única e exclusivamente neste valor, (26 de 40) desde o primeiro contato com os estudos. Isso, de cara, limita sua capacidade de obtenção de conhecimento. Se você optar por seguir com esta abordagem, provavelmente será mais um camisa 10 falso com uma certificação na mão. E aí uma consultoria especializada te procura para implantar uma ferramenta da ITSM num cliente, e a confiança (que não esteve presente nos estudos) não vai te abraçar nessa hora. Por isso é importante fazer as coisas com excelência desde a primeira tentativa. Neste âmbito, é seguro afirmar que a técnica de repetição espaçada é disparadamente a melhor e mais apropriada, capaz de te trazer mais confiança não só na hora da prova, mas durante sua caminhada profissional.

Cada um deve encontrar o tempo que melhor lhe aprouver para estudar, neste conjunto de postagens estamos sugerindo que seja 1h por dia, mas isso não é uma regra, nem tampouco uma boa prática. Encontre o seu tempo, tenha certeza de que não haja armadilhas da procrastinação no local e siga. Ainda falando sobre o ITIL, podemos pegar por exemplo a disciplina de problemas. Digamos que você não sabe o que é um problema (em ITSM) ou nunca teve contato com a disciplina, já que o seu dia-a-dia é muito mais baseado na rotina da disciplina de incidentes. Então a sugestão seria esta aqui:

  • Leia todos os títulos e subtítulos do conteúdo da disciplina antes de cair dentro dos seus conteúdos: Provavelmente você vai encontrar temas como: o que é o gerenciamento de problemas? / qual a relação da disciplina de problemas com o gerenciamento de incidentes? / o que é uma solução paliativa? / o que é uma solução definitiva? / como o gerenciamento de problemas cria entradas dentro do gerenciamento de mudanças? / como uma base de conhecimento pode aproveitar o que acontece em mudanças?… desta forma seu subconsciente conseguirá formar um roadmap de caixinhas que estejam prontas para cada um de seus conteúdos; (dia 01)
  • Caia dentro do conteúdo e destaque as ideias chave: utilize a técnica de sublinhar ou use uma caneta marca texto para fazer menção disso; (dia 01)
  • Crie seu simulado: crie a pergunta com três respostas erradas ou meio certas e apenas uma resposta completamente certa (estamos representando a prova de ITIL aqui) (dia 02);
  • Resolva o simulado do seu par: lembre-se aqui do ciclo da aprendizagem criativa, da questão dos pares e de como isso pode ser importante para obtenção do conteúdo; (dia 02);
  • Compartilhem seus resultados: discutam aqui principalmente sobre os acertos (muitos, na verificação de simulados, focam apenas naquilo que responderam errado) mas passar pelos acertos com a mesma atenção aumenta muito a chance de fazer com que aquela informação se torne uma memória de muito mais fácil acesso; (dia 03);
  • Repita todo o procedimento do dia 01 para os demais conteúdos até antes de chegar o dia de responder ao simulado oficial e mantenha o espaçamento entre estas ações até a prova (dia X).

Na próxima sexta-feira, 16/06, vamos te apresentar ferramentas (arquivos/aplicativos) que podem te ajudar a alcançar o ápice de aprendizagem, junto com um game para testar seus conhecimentos sobre esta sequencia de postagens sobre aprender a aprender. Continua…

Sobre Rodnei Moreira 10 Artigos
Um observador nato, com espírito de eterno aprendiz. Um leitor meio nerd que não dispensa um bom chopp e nem uma boa roda de samba. Eu teria um desgosto profundo se faltasse o Flamengo no mundo.

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