Os dilemas da liderança na área de tecnologia
Falar de projetos na área de tecnologia parece ser fácil, só parece, mas não é tão simples assim. Também não é tão complexo, é sempre sim paradoxal.
Já entendeu, não é?!
Nasci profissionalmente em relação à gestão de projetos ainda no modelo antigo, quando a gente usava um caderninho, quase igual ao que o Filipe Borges cita no artigo dele sobre SSoT (https://abre.ai/htXo ). Esse caderninho era a alma do negócio. Os mais ousados como eu, partiam logo para uma velha e boa planilha em excel. Nada de trello, project, asana, ou qualquer outro.
Ah…Nuvem, era memso só uma nuvem no céu anunciando chuva! Então, eram tempos sem conexões como as que conhecemos e usamos atualmente.
Acho que alguns de vocês não conseguirão conceber, imaginar como isso era possível, mas era…
Bem… Chega de história, vamos deixar isto para outra ocasião, essas passagens merecem outra postagem.
Hoje falamos muito em gestão de projetos e o que rola na cabeça de todo mundo é que um projeto bem estruturado ande sozinho, como mágica. Entram as necessidades e requisitos do cliente por um lado, e saem as funcionalidades maravilhosamente responsivas e automatizadas do outro lado. Voalá!
Esse é o mundo que queremos quando tratamos de alinhar as equipes de desenvolvimento para que o cliente receba a melhor experiência possível.
Para que isto se torne uma verdade, ou quase, é preciso que todas as partes envolvidas tenham um grau muito elevado de maturidade, de disciplina e autoconhecimento. Neste ponto entenda como partes nós e o próprio cliente. Esta entidade incrível que acredita piamente que as coisas em tecnologia simplesmente acontecem com o menor esforço (mental) possível. Um botão na tela sempre será somente um botão na tela, por mais que por trás desse botão haja um pool de 200 aplicações encadeadas.
E pode apostar, ele não tem que saber, o cliente apenas deseja, e nós temos que mostrar e muitas vezes construir o caminho.
Para que as coisas acontecem desta forma, temos que praticar a tal da Gestão. E o que é mesmo Gestão?
Puramente, gerir é a habilidade de controlar recursos, todos os recursos, num espaço de tempo específico, na busca de um objetivo, seja ele contínuo ou específico finalístico. Leia-se aqui habilidade como sendo a junção de vários fatores e elementos como eficiência, organização, planejamento, etc. No entanto dois fatores são os principais e essenciais para gestão – a estratégia e a liderança. São Inseparáveis, e podem determinar o sucesso de um projeto.
O PMI que muitos têm como guia principal quando se fala em Gestão de Projetos, traz de forma implícita em cada uma das suas nove áreas de conhecimento, a necessidade de que o gestor seja um estrategista, que aplique em cada uma delas o olhar contextualizado das variantes do projeto para obter o melhor resultado possível. Aqui se não houver liderança, não há resultados.
Os conceitos e digamos “metodologias” evoluíram muito se compararmos o que temos atualmente com o modelo acima. Os focos de atenção continuam os mesmos, mas com uma visão muito mais distribuída e integrada. Quando digo integrada é porque já faz algum tempo as equipes envolvidas em projetos de tecnologia trabalham de forma horizontalizada, livres e abertas ao aprendizado e diálogo direto com o cliente.
O desenvolvedor é tão gestor quanto o próprio gestor, e o gestor é tão desenvolvedor quanto o desenvolvedor, não no sentido técnico. O envolvimento vai além desses papéis quando se trata de buscar resultados e realizar as entregas.
Este conceito é que pode nos levar à arte do overdelivery (https://abre.ai/htXg)
Bem, mas isto não quer dizer que neste formato a liderança, e a estratégia sejam dispensáveis.
Os novos modelos ou “metodologias” admitem que a liderança mude de mãos ao longo do projeto, trazendo direcionamentos conforme os problemas e desafios se apresentam em cada fase, são mais eficientes à medida que a equipe entende que é única, e que todos têm responsabilidades na entrega e nos resultados, todos trocam conhecimento.
Formalmente, no tocante à evolução da Gestão podemos enumerar algumas das mais novas técnicas, iniciando pelo tradicional e ainda muito usado modelo cascata (popular waterfall), passando pelo Ágil, Incremental, Espiral, Lean, e os mais recentes e queridos DEVOPS e Adaptativo, que gosto de chamar ou convenientemente “confundir” com Híbrido.
São tantos os desafios durante a jornada de um Projeto em TI que é quase impossível dizer que você vai conseguir adotar e trabalhar com um modelo e pronto. Essa condição por si somente já limita você no desenvolvimento para a própria adaptação em relação às situações imprevistas, ou que possam ser melhor resolvidas com este ou aquele modelo.
Poderíamos ficar aqui comentando sobre cada um dos modelos, suas virtudes e defeitos, cases de sucesso ou fracassos, indefinidamente, mas isto é assunto para logo mais.
E onde o velho modelo Comando e Controle entra nesta conversa? Não se surpreenda, esse modelo é mais recorrente do que você imagina. Ainda temos muitas organizações verticalizadas, que acreditam em hierarquias que se parecem muito com pirâmides, que tem uma mentalidade (leia-se mindset), administrativa parada lá nos anos 80, onde o modelo fez sucesso, e ainda faz.
Entretando, olhando aqui para o nosso tempo, ainda é possível enxergar esse modelo sendo empregado em organizações modernas, startups, e novos empreendimentos. Sabe o porquê?
Porque falta consciência, disciplina e maturidade, e esses atributos indispensáveis para que equipes sejam coesas e se movam sozinhas, se adequando a cada momento e desafio durante a jornada.
Se você micro gerencia sua equipe, ou se sente micro gerenciado, pense!
Você pode estar vivendo no passado…
Você pode ser parte do problema…
E ambos requerem que você mude!
Boa gestão só acontece quando o sentimento de equipe existe verdadeiramente. Onde um “falta” o outro complementa, e todos se ajudam!
Até a próxima…
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Aulas! Obrigado professor DJ!
Valeu Rodnei.
TMJ